Anatomia de deus
Mirei deus nos olhos e lhe disse: os tempos de subserviência acabaram. Ele encarou-me furibundo, e nesse momento expressou numa pergunta o pensamento que com certeza lhe acutilou o íntimo e os brios com força: rendeu-se ao diabo? Estalei sonora gargalhada em sua cara senil com vestígios de Big Bang: acabou sua onisciência?! Ele, surpreso, entre a dúvida e o concupiscente desejo pela alma alheia, gaguejou: queria ouvir de seus lábios, apenas isso. Neguei-lhe o pedido, ressalvando que a emenda ficara pior que o soneto: presunçoso você, bem isso. Mas tanto tempo valendo-se da submissão humana para endeusar-se, entendo sua exacerbação de caráter, mas a reprovo. Sem ligar a mínima para meu juízo, mas abrandando a ira, ele insistiu: Sim ou não? Recusar um, para mim, não é submissão ao outro; tampouco significa qualquer possibilidade de retratação futura... Ele interrompeu-me querendo ser irônico, mas soou infantil e hilário: o futuro a deus pertence. Ri do bordão, desconcertando-o, e c...