URUBU QUE BEBIA CACHAÇA

A praça era antiga. A igreja, um pouco mais. Vila do Conde é uma ponta de terra enfiada no rio Pará. Portuária, no horizonte esmaecido do rio, a ilha de Marajó. Ali, embarcam bois aos milhares para os rincões do mundo nos navios que se atracam. Não só bois, mas também a bauxita, o caulim, o dendê. O rio não parece rio, parece mar. É preciso entrar nele para creditá-lo como rio de água doce. Ali banham seus ribeirinhos, na maré baixa. Ali se enfiam os navios vindos do mundo inteiro. Como em todo porto, abundam os detritos e os urubus que os faxinam. De modo que que, na vila, eles estão lá, centenariamente, como seus moradores tradicionais. Há cães aos montes. Há bêbados que fizeram da praça sua casa. E todos convivem numa existência que parece perenizada. Todo mundo conhece todo mundo. Virtudes e vícios são públicos e preenchem as conversas e as notícias. Não faltam os peixes como não faltam o açaí nem a mandioca dos tacacás e maniçobas. Também não falta a cachaça. Mas, entre os b...