Contas a pagar
Tem um amigo que me enxergou de tresvez, certa vez. Preciso sentar com ele e mostrar meu lado de menino. Um irmão, certa vez, me tirou seu brilho de herói que eu trazia na minha retina de menino. Preciso ver ele pelos meus olhos de dentro. Meu cunhado, que eu tanto achava homem, se mostrou um menino perdido e eu não tive a bondade de abrir meus olhos infantis e revê-lo. Outro irmão, que eu achava invencível, se mostrou na sua plenitude: um ser humano buscando o seu pertencimento. E eu, embevecido pela beleza do momento que vivia, não lhe dei a mão no momento certo. Um terceiro irmão, que eu sempre considerava um mito, um indestrutível, se revelou demasiado humano. Tento remontar as memórias que dele trago, pra vê-lo amanhã impoluto e digno. Minha irmã, que eu sempre trouxe comigo como uma Eterna meninhinha, plena da força interminável da alegria da perfeita infância, se revelou uma mulher e mãe, absolutas. Resta me curvar, eternamente, a ela. Minha mãe, que me mos...