Pimenta Rosa




O tempero brasileiro é o melhor do mundo. Nossa comida sempre tem cor, tem sabor, mistura de iguarias e condimentos naturais.

Sim, eu sei que tem gente que prefere o "sazón" original ou genérico, o "milagre japonês" ajinomoto, mas dessas pessoas a gente fala depois.

Agora vamos falar de um assunto sério: você prefere coentro ou salsa? Eu já digo logo que sou uma péssima dançarina. Mas, na cozinha, confesso que tenho um pé em cada lado.

O coentro, esse tempero controverso, amado no Norte e Nordeste e execrado por alguns paladares sensíveis do restante do Brasil, ele carrega na folha aquele frescor de maresia e um quê de ancestralidade indígena.

A salsa, por outro lado, é diplomática, aceita em qualquer mesa, vai do feijão tropeiro ao arroz de festa.

Mas se tem um tempero que prova nossa brasilidade — sem precisar dizer uma só palavra — é a pimenta-rosa.

Primeiro, porque de pimenta ela só tem o nome — sua picância é quase um sussurro, um calor gentil. Depois, porque ela vem da aroeira, árvore de madeira de lei, resistente, forte, tão brasileira quanto nossas raízes, misturadas no mesmo pilão.

A culinária brasileira é exatamente isso: uma fusão de histórias e sabores que nos definem sem que a gente perceba. É o colorau tingindo tudo de vermelho como um pôr do sol, é o cominho dando peso e profundidade ao feijão, é o cheiro verde finalizando qualquer prato com aquele abraço de família.

Então, enquanto uns discutem se o coentro tem gosto de sabão ou de lar de vó, eu sigo celebrando o que realmente importa: o tempero da nossa terra, que, muito mais do que sabor, carrega memórias, cultura e resistência.


Natália Pimenta




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